Ahimsa e Tapas
Nos Vedas consta: “Satyam bruyat priyam bruya.” “Fale o que é verdadeiro.Fale o que é agradável.”
Ou seja, não devemos falar a verdade, se trouxer dor, nem tampouco falar o agradável, se for falso.
Isso me remete a alguns episódios sagrados da vida de Chico Xavier. Quando lhe contavam algo ruim sobre alguém ou algum fato, ele respondia simplesmente: D-us Abençoe! Ele jamais iria contrariar aquela pessoa, mesmo que lhe parecesse estar errada, ouvia com misericórdia suas queixas. Um ser iluminado que se mantinha acima da dualidade, o não julgar. Estava acima das ignorâncias humanas, quando estando de visita à casa de algum amigo, lhe serviam uma comida que ele não gostava, a qual ele aceita, agradecia e comia, sem cometer nenhuma violência externa ou interna, pois sua mente era consciente e desapegada dos sentidos. Praticava Tapas, austeridade, como poucos, pois tinha sua mente serena. Era humano, mas trouxe o Reino de D-us para a Terra, como poucos.
Tapas significa literalmente, queimar ou criar calor. Fica fácil de compreensão ao praticante de Hatha Yoga, que vivencia um calor inominável na execução das Posturas.
Estamos aptos e acostumados à acomodação, nossa mente quer e busca o prazer.
Vemos o Hatha Yoga, como parte integrante do Raja Yoga, já que há uma mescla entre os Yogas. Nesse ponto, treinamos nossa mente dentro dos Àsanas ou Posturas do Hatha Yoga, para aceitar a dor(queima) como parte do princípio da evolução. Sabemos que quanto mais acomodados ficarmos dentro das diversas situações nas quais atuamos, nos distanciamos dos princípios e meta do yogue.
Swami Satchidananda descreve a mente como um cavalo selvagem preso a uma carruagem. “Imagine que seu corpo seja a carruagem; a inteligência, o cocheiro; a mente, as rédeas e os cavalos, os sentidos. O seu verdadeiro Ser é o passageiro. Se for permitido aos cavalos galoparem sem rédeas ou sem cocheiro, não será uma viagem segura para o passageiro.”
Para a boa prática de Tapas, austeridade ou disciplina, conta com a presença de Ahimsa, que, aliás, entra como elemento dosador em todas as circunstâncias.
Notamos a predisposição dos ocidentais, sobretudo brasileiros, em torcer o nariz quando ouvem a palavra Disciplina! O que ocorre porque associamos disciplina com rigidez. Ouvimos a palavra disciplina e nos vêm a mente, por exemplo, um quartel do exército, um faquir, o celibato e auto-flagelamentos impostos em algumas religiões e seitas. Essas práticas não são recomendadas pelo Senhor Krishna no Bhagavad Gita, pois lhes faltam o Amor, a entrega sincera, e confiança em D-us. São práticas físicas, e só controlamos os sentidos através do controle da mente, por isso afirmamos que o Yoga realiza um trabalho mental e utiliza o corpo como parte do processo de purificação das emoções.
Se buscarmos Yoga, buscamos equilíbrio. Logo, vamos dosar o que vemos, ouvimos, comemos, tocamos, cheiramos. Vamos ser os comandantes desta “nave”,não deixar que navegue à deriva.